Uma grande conhecedora de assuntos relacionados a crianças expôs essa materia a baixa ao qual achei hiper interessante, brigadão TÁBATA (MAD). Final feliz Terminar um casamento pode não ser traumático para os filhos. Mas para isso é importante que os adultos continuem sendo pai e mãe. Flávia Benvenga
A garota Gabriella, 3 anos, pega seu boneco no colo e diz à sua mãe Kathia, 38 anos, separada há sete meses: - Mamãe, este é o meu filho! O pai dele é o meu namorado.Então, a mãe pergunta:- E onde ele está? A garota responde:- Foi embora. Preocupada, a mãe questiona:- O seu bebê ficou triste? A resposta vem sem que ela hesite: - Não, porque ele sabe que o papai vai voltar para visitá-lo! Este foi um bate-papo que aconteceu recentemente entre a menina Gabriella Romancini e Kathia Oltramari, professora de educação física, e que, de certa forma, acalmou o coração da mãe. "A partir deste faz-de-conta senti que minha filha estava entendendo o que acontecia em nossa vida", diz. "Percebi que ela não estava sofrendo, pois tanto eu quanto meu ex-marido sempre frisamos que o pai não mora mais em casa, mas o amor entre eles não mudou." Cada criança reage de forma diferente diante da separação dos pais, porém, por mais difícil que seja a situação, pode não ser necessariamente traumática para os filhos. Esta é a conclusão da maioria dos especialistas em terapia familiar. Contudo, eles alertam que há desafios a serem enfrentados. O mais importante é demonstrar com palavras e, sobretudo, com ações, que o filho continua sendo amado, cuidado e protegido pelo pai e pela mãe. "O dificil é terminar a sociedade conjugal e preservar uma sociedade parental que funcione razoavelmente bem", observa a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro Casamento, término e reconstrução (editora Saraiva). "Isso é difícil para um grande número de pessoas, pois na crise da separação, o amor, freqüentemente, transforma-se em raiva ou mágoa. Nesse cenário emocionalmente turbulento, as brigas com relação à divisão dos bens e ao contato com os filhos podem assumir grandes proporções. Sentimentos de abandono e rejeição se misturam com a sensação de estar sendo lesada e passada para trás", completa. Sinais de alerta A criança pequena expressa suas emoções por meio de comportamentos. Fique atenta e procure ajuda de um profissional caso seu filho apresente problemas como: Dificuldade para dormir, sono agitado ou pesadelos. Mudança no apetite. Choro em excesso. Medo fora do normal. Dificuldade na fala. Necessidade de colo ou carência em demasia. Regressões como fazer xixi na cama, voltar a usar chupeta ou começar a falar errado. Uma vez pai, sempre paiPara que os vínculos entre pais e filhos sejam preservados ao máximo, cabe ao adulto lidar com a situação da melhor forma possível. "Crianças de até 3 anos de idade são imaturas sob o ponto de vista psicológico, e antes de completarem um ano e meio não têm capacidade para entender o que se passa", explica Haydée Kahtuni, psicóloga e psicanalista. "É de extrema importância deixar claro, por meio de atitudes, que as relações entre os pais e o filho independem da separação e, mesmo morando em casas diferentes, continuam sendo pai e mãe da criança." É fundamental a presença física, o cuidado, a atenção e a convivência. "Apesar de ter pouco contato com minha ex-mulher, faço questão de buscar minha filha na escola todas as tardes. Ela já sabe que estarei lá e é um momento muito gostoso para nós dois", conta o empresário André Pereira, 35 anos, pai de Roberta, um ano e 2 meses. Mesmo separados, os pais devem estar sempre presentes e demonstrar muito amor ao filho. A boa rotina A maior preocupação de Renata L. R. Gato, supervisora de atendimento e mãe de João Pedro, 2 anos e 10 meses, sempre foi não discutir com o ex-marido na frente do filho. "Faz um ano que estamos separados e o preservamos de todas as brigas. Acho que é por isso que ele não apresentou mudanças de comportamento", diz a mãe. Ela acrescenta que Ricardo, o pai, é muito presente e toma todos os cuidados para manter a rotina do pequeno quando passa os fins de semana na casa dele. "E, sempre que pode, no meio da semana vem almoçar com João Pedro." A questão dos horários, aliás, é importantíssima, assegura a psicóloga Haydée. "Principalmente para os pequenos, a estabilidade da rotina dá segurança emocional e evita a ansiedade", explica. "Tudo deve acontecer na mesma hora, nas duas casas. É vital!" Todos sabem que a separação vem acompanhada de um sentimento de dor, mesmo quando o convívio do casal era difícil. Apesar do estresse inevitável, o adulto deve buscar controle - para o bem de todos. "E, caso não estejam conseguindo superar os problemas, é conveniente procurar ajuda de um profissional", adverte Haydée. O casal que se separa deve ter em mente que o rompimento pode representar um risco para os filhos, na medida em que reflete a falta de sintonia com os desejos e as necessidades de cada um. "Ao confundir as duas áreas do relacionamento, muitos adultos, desejando se vingar ou punir o ex-cônjuge, acabam negligenciando os filhos", explica a psicóloga Maria Tereza. Por isso, é essencial evitar conflitos que prejudiquem as crianças. Vale abrir novas possibilidades de convívio entre pais e filhos que serão muito enriquecedoras para todos. O segredo é ter jogo de cintura, pois, como escreve a psicóloga Maria Tereza: "no movimento da vida, entre dores e alegrias, frustrações e esperanças, encantos e desencantos, sempre existe a oportunidade de buscar caminhos melhores para todos, nesses diversos modos de ser casal e família". Boas atitudes O bom senso, como sempre, deve guiar a maneira de agir dos pais que se separam para manter o equilíbrio emocional da criança. Confira as dicas da psicóloga Haydée Kahtuni: Procure estabelecer uma relação pacífica e respeitosa com o ex-cônjuge. Mantenha seu papel de pai ou de mãe e faça questão de demonstrar isso à criança. Procure manter uma rotina estável e saudável para que o pequeno se sinta seguro. Respeite os horários de sono, do banho, das refeições e da entrada e saída na escola.
Às 11:24
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